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Acurácia não paga conta: Como medir o ROI real da Inteligência Artificial

Seu modelo tem 99% de precisão? Parabéns. Agora me diga quanto dinheiro ele economizou. Um guia de CFO para traduzir métricas técnicas em valor de negócio.

Acurácia não paga conta: Como medir o ROI real da Inteligência Artificial

Como CFO que começou a carreira programando, tenho uma regra simples na minha sala de reuniões: Proibido falar “F1-Score” sem falar “EBITDA” na mesma frase.

Vejo muitos times de Data Science comemorando vitórias que, na prática, são derrotas financeiras. Eles gastam R$ 500 mil em computação na nuvem para aumentar a precisão de um modelo em 0,5%, mas esse ganho não traz nenhum cliente novo, nem reduz nenhum custo operacional.

Isso é o que chamo de “Vaidade Computacional”. E vaidade não paga boleto.

O Choque de Realidade

Para o Board da empresa, a IA não é mágica; é CAPEX (Investimento) e OPEX (Custo Operacional). Se o dinheiro que sai é maior que o dinheiro que entra (ou deixa de sair), o projeto é um fracasso, não importa quão “state-of-the-art” seja o algoritmo.

  • Cientista de Dados: “Nosso modelo de churn tem AUC de 0.95!”
  • CFO: “Ótimo. Quantos clientes retivemos a mais? Qual o LTV (Lifetime Value) salvo? Qual o custo de retenção?”

Se você não sabe responder à segunda linha, você não tem um projeto de IA; você tem um hobby caro.

O Framework de Tradução: Tech -> Business

Para sobreviver à próxima rodada de cortes de orçamento, você precisa aprender a traduzir. Aqui está o dicionário:

Métrica Técnica (O que você mede)Métrica de Negócio (O que eu quero ouvir)
Acurácia / PrecisãoRedução de Erro Operacional (Menos multas, menos retrabalho)
Latência (ms)Conversão de Vendas (Cliente não espera, cliente compra)
Throughput (tokens/s)Eficiência de FTE (Quantas horas/homem economizadas?)
Uptime / DisponibilidadeContinuidade de Receita (O sistema não para de vender)

A Fórmula do Valor Centrato

Na Centrato, usamos uma fórmula simples para aprovar ou matar projetos de IA. Se o resultado não for positivo e claro, o projeto não passa da fase de piloto.

$$ \text{ROI} = (\text{Frequência do Problema} \times \text{Impacto Financeiro}) - \text{Custo Total da Solução} $$

  1. Frequência: Quantas vezes isso acontece por mês? (Ex: 10.000 chamados de suporte).
  2. Impacto: Quanto custa cada ocorrência? (Ex: R$ 20,00 por chamado humano).
  3. Custo da Solução: Inclua tudo. Nuvem, licenças, salário do time de dados e manutenção.

Exemplo Prático:

  • Problema: Classificar e-mails de suporte.
  • Cenário Atual: 10.000 e-mails/mês x R$ 5,00 (tempo humano) = R$ 50.000/mês.
  • Solução IA: Automatiza 80% (8.000 e-mails). Economia potencial = R$ 40.000/mês.
  • Custo da IA: R$ 5.000/mês (API + Servidor).
  • Resultado: Lucro líquido de R$ 35.000/mês.

Isso é música para os meus ouvidos. “Acurácia de 99%” é apenas ruído se não vier acompanhada dessa conta.

Conclusão

Não se apaixone pela tecnologia. Apaixone-se pelo problema e pelo resultado. O melhor modelo de IA não é o mais complexo; é aquele que deixa a última linha do DRE mais azul.

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